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Fotoprotetor no inverno?

June 22, 2011

A radiação solar UV (ultravioleta) é dividida em UVA (UVA1 em 340-400 nm e UVA2 em 320-340 nm), UVB (20-320 nm) e UVC (270-290 nm). As radiações UVA e UVB atingem a superfície da terra e UVB é filtrado pela camada de ozônio. Ambas penetram na pele, sendo que UVA pode penetrar mais profundamente, não é filtrada por vidros e estima-se que 50% da exposição ocorra mesmo na sombra.

Quando uma pessoa se expõe ao sol de forma aguda (de 2 a 4 horas ininterruptas), principalmente entre 10:00 e 16:00 horas, a radiação UVB irá causar eritema, seguido de edema, bronzeamento e espessamento da pele. A exposição crônica levará ao fotoenvelhecimento, à imunossupressão e à fotocarcinogênese. Já a exposição à radiação UVA (ocorre o dia inteiro, mas em menor intensidade do que a UVB) tende a causar menor eritema, com bronzeamento e também, cronicamente, fotoenvelhecimento, imunosupreessão e carcinogênese. Em função destes efeitos nocivos da radiação ultravioleta, preconiza-se o emprego de formulações contendo filtros solares, o uso de roupas apropriadas, de óculos e cuidados especiais com relação ao horário de exposição.

A proteção à radiação UVB corresponde, num FPS (Fator de Proteção Solar) 15, a aproximadamente 94% de bloqueio e num de FPS 30, a 97%. A radiação UVA2 é grandemente responsável pela pigmentação persistente da pele, sendo esta propriedade (Dose Mínima Pigmentatória) utilizada em ensaios in vivo e in vitro para determinar se a formulação possui ou não filtro UVA fotoestável. Nas formulações de protetores solares sempre são listados vários tipos de filtros, orgânicos e inorgânicos. Isso decorre do fato de que nenhum filtro solar usado isoladamente é capaz de proporcionar proteção em toda a faixa UVB-UVA. A associação de filtros é também um recurso importante para aumentar o FPS. Por este caminho pode-se ter, como por exemplo, a presença na mesma formulação, de filtros orgânicos como a avobenzona (UVA), salicilato de homomentila (UVB) e octocrileno (filtro UVA curto, UVB e fotoestabilizador) e de filtros inorgânicos como o óxido de zinco e o dióxido de titânio.

De uma forma geral, é preconizado o uso diário de formulação que contenha filtros com proteção UVA-UVB total, com FPS 30, principalmente para prevenção do câncer. Deve ser aplicada uma quantidade de 2 mg;cm2, uniformemente, 15 ou 30 minutos antes da exposição, devendo ser reaplicada frequentemente em caso de transpiração adicional ou quando entrar na água. Mas a questão que aqui se coloca é a respeito da importância do uso de fotoprotetores mesmo no inverno.

A intensidade da radiação (especialmente UVB) depende da elevação solar (dependente da latitude, hora do dia e estação do ano), embora fatores como a camada de ozônio, poluentes em suspensão e até mesmo o tipo de terreno possam influenciar. Assim, o índice ultravioleta (IUV) que é uma medida da intensidade da radiação solar costuma ser menor no inverno. Mesmo no inverno, quando a incidência da radiação solar é menor, os efeitos podem ser bem danosos à pele, especialmente se a superfície for clara ou refletiva (como na praia e na piscina) ou em maiores altitudes (quanto menor a distância do equador, maior a intensidade da radiação). A cada 300 m de elevação, ocorre um aumento de 4% da intensidade.

O IUV varia entre 1 a 14, sendo considerados os valores de 0-2 como baixos, entre 3-5 moderados, de 6-7 altos, 8-10 muito altos e entre 11-14, como extremos. Quanto às precauções, a partir do índice 3 deve-se buscar proteção do sol ao meio-dia, usar boné e fotoprotetor. Com IUV entre 0-2 o tempo para uma pele apresentar queimadura seria de 60 min. Para os índices 7 a 9, o tempo varia entre 15-24 min, dependendo do tipo de pele.

Hoje, primeiro dia de inverno de 2011 observamos no mapa abaixo, que grande parte do território brasileiro está exposto a um nível de radiação acima de 3, ou seja, não pode-se abrir mão do uso de fotoprotetor e de todos os cuidados para evitar a exposição desnecessária

FONTE: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Ministério da Ciência e Tecnologia – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

É importante salientar que mesmo com o uso de roupas adequadas, de chapéu ou boné, de óculos e da proteção adicional dos produtos fotoprotetores, não devemos prolongar o tempo gasto sob exposição solar. Protetores solares são idealizados para minimizar os danos inevitáveis causados pela radiação solar, mas é vital que esta proteção não deva ser encarada como um estímulo a maior permanência ao sol, e sim como um fator adicional de proteção.

Prof. Daisy Netz

daisynetz@univali.br

Referências:

HEATER, A.; BENSON, E. Sunscreens: efficacy, skin penetration, and toxicological aspects. In: WALTERS, H. A.; ROBERTS, M. S. Dermatologic, Cosmeceutic, and Cosmetic Development. Therapeutic and Novel Approaches, New York: Informa Healthcare, 2008. p.419-436.

RIBEIRO, C. Cosmetologia aplicada a dermoestética: Fotoproteção e Fotoprotetores. 2.a ed. São Paulo: Pharmabooks, p.101-162, 2010.

SAMBANDAN, D.R.; RATNER, D. Sunscreens: an overview and update. J. Am. Acad. Dermatol., v. 64, p. 748-58, 2011.